quarta-feira, 17 de agosto de 2011

LAMPIÃO E JOSÉ DO TELHADO










Quando se fala de Lampião e José do Telhado, entra-se na esfera de dois mitos. Lampião nada tem a ver com a forma como é conhecida a equipa do Benfica; José do Telhado, não assentava telhas nem andava, como os gatos, sobre os telhados das casas.
José Teixeira da Silva nasceu no lugar do Telhado, freguesia de Castelões de Recezinhos (Portugal) em 1818; daí, José do Telhado. Virgulino Ferreira da Silva nasceu na Serra Talhada (Brasil) em 1898, 80 anos depois do português, mas ambos no mês de Junho; dai que se devia chamar Virgulino da Talhada, não fosse ter recebido a alcunha por ter alterado a sua arma de forma a que o seu cano ficava rubro como um lampião quando disparava.
Não se conheceram, muito embora José do Telhado estivesse refugiado uns tempos no Brasil e Virgulino nunca visse as terras de Portugal. Virgulino nasceu quando José do Telhado já havia falecido há 23 anos.
Ambos são vilões que a tradição virou ou transformou em heróis. Assaltavam, roubavam e matavam.
Diferenças entre eles:
Lampião tinha uma companheira, Maria Bonita, que fazia parte do bando; José do Telhado era casado com Maria Lentine de Campos, mas a sua companheira estava afastada da vida de meliante do marido.
Lampião era míope e usava óculos; José do Telhado tinha uma visão perfeita, quer de noite quer de dia, tendo mesmo combatido e morto um dos do seu bando num combate às escuras, em casa deste.
José do Telhado usava umas soberbas barbas até ao peito; Lampião, se por acaso não andava escanhoado, não usava barba.
José do Telhado teve a fama de roubar aos ricos para dar aos pobres; Lampião roubava para si e para os seus.
Lampião compôs uma cantiga popular; José do Telhado não demonstrou qualquer sensibilidade poética ou musical, apesar de ter convivido, na prisão, com o escritor Camilo Castelo Branco.
Lampião foi morto pela polícia, tendo sido decepada a sua cabeça, bem como da companheira; José do Telhado morreu no desterro, em África.
Em comum:
Tanto a companheira de um como a do outro chamavam-se Maria.
Assaltavam quintas e fazendas.
Tinham mais de três dezenas de homens sob o comando, conhecidos por alcunhas ou sobrenomes que demonstravam as suas manhas e características.
A extrema coragem que demonstravam em combate e na liderança de homens difíceis de conduzir e dominar.
Lampião está no cinema através do filme realizado por Benjamim Abrahão, em 1936, e na novela Mandacaru, de 1997, da Rede Manchete; José do Telhado tem dois filmes com o seu nome, um de 1929, realizado por Rino Lupo e outro realizado por Armando de Miranda em 1945.
Nas imagens que ilustram este texto: José do Telhado, de barba, ao lado de seu irmão; Lampião, com chapéu de cangaceiro ao lado de Maria Bonita, sentada, tendo junto os cães Ligeiro e Guarany.

1 comentário:

  1. Dizia o Zé do telhado, o "Repartidor Público", que o dinheiro é como o sangue, tem de circular, quando pára é a morte.
    :-)

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.