terça-feira, 9 de agosto de 2011

IGESPAR E O MAGRIÇO

A propósito do meu post anterior, enviei para o IGESPAR um e-mail onde alertei para algumas incongruências, de entre as quais a data de nascimento de Alexandre Herculano, historiador que está a ser objecto de homenagem por parte daquele instituto.
No portal do IGESPAR, com o endereço referido no meu post, encontra-se:

"No século XV, ainda não totalmente com a configuração actual, o castelo é apontado como o local de nascimento de D. Álvaro Gonçalves Coutinho, celebrizado por Luís de Camões com a alcunha de "o Magriço". A história em que tomou parte pode considerar-se o paradigma da mentalidade cavaleiresca medieval, em que doze cavaleiros portugueses partiram para Inglaterra para, em torneio, defrontar outros tantos ingleses que haviam injuriado a honra de doze damas da corte dos Lancaster.
Visitado por Alexandre Herculano em 1812, a fortaleza de Penedono já se encontrava em ruínas, assim permanecendo até à actualidade. Em 1940, no âmbito das comemorações dos Centenários, promovidas pelo Estado Novo, o castelo foi alvo de intervenções de restauro. Alguns panos de muralha e torres, que se encontravam danificados, foram parcialmente reconstruídos, aproveitando-se a ocasião para lajear pavimentos e beneficiar os acessos. Novos trabalhos ocorreram em 1949 e 1953, mais vocacionados para a consolidação de estruturas, o que contribuiu para que o conjunto chegasse até à actualidade em relativo estado de genuinidade."

Como não obtive resposta, enviei um segundo e-mail, mais “durinho”, que reproduzo:

“ Ex.mo Sr.
Dr. GONÇALO COUCEIRO
Director do IGESPAR

Reporto a mensagem do dia 5 de Agosto, cuja leitura da vossa parte - se é que a teve - não mereceu qualquer comentário ou o simples acusar da sua recepção. Leva-me a crer que, se algum património não é devidamente cuidado, os próprios valores culturais históricos e a língua portuguesa também o não são.
Para além da incongruência apontada no e-mail anterior (repito, que se reporta), vejamos nesta simples frase aposta no vosso portal e relativa a este assunto:

"Visitado por Alexandre Herculano em 1812, a fortaleza de Penedono já se encontrava em ruínas, assim permanecendo até à actualidade."

Um lapso ortográfico - Em vez de "visitado" devia estar visitada, uma vez que conjuga com fortaleza, no feminino;
Um lapso de pormenor histórico - como é que Alexandre Herculano visitou a fortaleza de Penedono em 1812, se nasceu em 1910?! Até o podia ter feito, ao colo dos pais, mas não teria certamente elaborado os apontamentos que conhecemos;
Outro lapso de pormenor - se a fortaleza se encontrava em ruínas, V. Exª. ainda acha que "na actualidade" se encontra em ruínas?
Por outro lado, existe um erro histórico, que é considerar a mátria do Magriço em Penedono; mas este é um lapso que se propagou (propagandeou) sem bases científicas, a coberto do talante de interesses e de uns apontamentos de viagem do próprio Alexandre Herculano. O Magriço nasceu em Trancoso - tal como os cavaleiros ingleses do pretenso desafio dos 12 de Inglaterra , haja quem me contradiga na justa de documentos e de razões.
Enfim, se o primeiro e-mail não obteve resposta, este provavelmente não a obterá. Como diz o povo, "eu fico naquilo que me parece...", porque em muitas circunstâncias aquilo que parece...é! No entanto, Sr. Director, mande corrigir os lapsos apontados ou, se bem o entenda, pois está no seu direito, deixe-os tal como estão, tal como os monumentos que é suposto preservar.”

Desta feita, veio a resposta e a justificação, que aceito, conforme reproduzo a seguir:

“Exmo. Senhor
Relativamente ao lapso cronológico identificado na ficha correspondente ao Castelo de Penedono e à estadia de Alexandre Herculano, cumpre informar que foi de imediato solicitada aos nossos serviços a correcção da informação ali constante.
Por razões de gestão do sistema informático do IGESPAR, as alterações feitas ao conteúdo das fichas apenas estão disponíveis para os consulentes cerca de 24h depois, pelo que não pôde, ainda, proceder à sua verificação. O aviso de alteração, que o IGESPAR faz sempre e em qualquer circunstância a todos os que fundamentadamente as solicitam, também só é feita depois de disponível on-line, razão pela qual a resposta à sua reclamação não foi imediata, facto pelo qual nos desculpamos.”
Emendam a data, possivelmente os erros apontados, mas há um que resta corrigir: o castelo de Penedono, é de Penedono; o Magriço é de Trancoso, onde nasceu.

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